Câmara de Camaçari debate principais gargalos no combate ao Aedes Aegypti
A necessidade de modernização das ferramentas utilizadas para o combate ao mosquito Aedes Aegypti, a situação e reivindicações dos agentes de Combate à Endemias e a responsabilidade de ações intersetoriais na área foram alguns dos temas debatidos durante audiência pública realizada pela Câmara de Camaçari, nesta quarta-feira (09/08).
O evento, destinado a discutir “Os desafios e perspectivas no controle ao Aedes Aegypti”, foi proposto pelo vereador Vaninho da Rádio (DEM), que abriu os debates lembrando que a prevenção deve ser contínua. “Precisamos conversar sobre o tema e achar soluções para os gargalos que dificultam este trabalho de controle no nosso município”, defendeu.
Para a diretora do Departamento de Vigilância e Saúde, Maria de Fátima Sá Guirra, um destes desafios é fiscalização adequada dos imóveis. “Temos em Camaçari mais de 27 mil terrenos baldios, e nos preocupamos muito com a fiscalização de locais estratégicos, como cemitérios e borracharias, por exemplo. Encontramos muitas dificuldades para a fiscalização desses locais. Sem falar nos imóveis fechados, que já são cerca de 17 mil, e nos imóveis cujos proprietários se recusam a receber os nossos agentes”, citou.
Já para o gerente de projetos e pesquisa da Secretaria de Saúde de Salvador, Alex Sandro Pereira Correia, o investimento em tecnologia é o caminho para potencializar este trabalho. Segundo ele, é preciso modernizar as ações e ferramentas utilizadas para que os resultados sejam melhores. “Há 104 anos, a metodologia é a mesma: prancheta e veneno. Enquanto isso, o mosquito tem se adaptado cada vez mais às adversidades do ambiente”, pontuou.
Ele citou ainda experiências de utilização de aplicativos de combate que podem ser utilizados pelos agentes de endemias e pelos próprios cidadãos e que podem ajudar a identificar focos e definir áreas de maior risco. Durante a sessão, ele apresentou, em primeira mão, o projeto de utilização de um drone para a fiscalização de imóveis fechados ou cujos donos se negam a receber os agentes. “O espaço aéreo é livre e já temos, inclusive, uma autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para o uso desses drones no trabalho de combate ao mosquito”, explicou. Ele acrescentou ainda que além de visualizar os imóveis, o equipamento permite a aplicação do larvicida quando se fizer necessário. “Precisamos modernizar, investindo neste tipo de ferramenta inovadora”, concluiu.
Outro tema de destaque foi a situação dos agentes de endemias, apresentada pela Associação dos Agentes de Combate à Endemias. Situações como assédio moral e sexual, acidentes de trabalho não registrados, sobrecarga no trabalho de campo, falta de fardamento há três anos, ausência de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e falta de segurança no trabalho feito em áreas violentas foram algumas das situações relatadas pela diretora da entidade, Ionara Barreto. “Os agentes precisam de atenção dos gestores. Nós somos a ponta do trabalho de combate e prevenção a essas doenças e precisamos de respeito”, pontuou. Ela citou ainda que o repasse da verba federal destinada aos agentes (AFC) não está sendo feito para a categoria.
Ainda fizeram uso da palavra a secretária municipal da Educação, Neurilene Martins; e o representante do Ministério da Saúde na Bahia, Glauber Nascimento. A vereadora Fafá de Senhorinho (DEM), presidente da Comissão de Saúde da Câmara, parabenizou a realização o evento e se colocou à disposição das categorias que trabalham diretamente nesta missão para lutar pelas melhorias necessárias.
Por sua vez, o vereador Jackson Josué (PT) pontuou que é preciso garantir o básico, que é oferecer a estrutura mínima para a atuação dos agentes, dos gestores de saúde. “O município de Camaçari não pode pecar no básico, como vimos aqui os relatos dos profissionais que trabalham diretamente neste combate. Isso precisa ser resolvido de maneira urgente”, finalizou.