Câmara discute estudo que revela nova data de fundação de Camaçari
Foi realizada na Câmara de Camaçari, na manhã desta quinta-feira (24/03), Audiência Pública que discutiu a data 29 de maio de 1558, como data de fundação da cidade. Proposta pela Comissão de Educação e Assistência Social da Casa Legislativa, a atividade reuniu diferentes versões sobre a construção histórica do município, trazendo para o público informações contidas em ampla pesquisa documental e na memória da população local.
O presidente da Comissão, vereador Jamessom (UNIÃO), iniciou a audiência destacando que uma dessas versões sobre o surgimento, é a defendida pelo historiador Diego Copque, que entende como necessário o reconhecimento de que a cidade de Camaçari tem origem anterior a que é oficialmente considerada na atualidade. Ao tratar do tema, Diego Copque explicou que 29 de maio de 1558 seria a data de fundação de Camaçari, enquanto 28 de setembro de 1758 seria a data de emancipação política do município.
“Não queremos aqui fomentar uma discussão político-partidária, mas sim discutir aspectos da história que não estão sendo levados em consideração e que falam muito sobre a nossa existência. Queremos defender a consolidação da nossa real história, que tem como protagonistas os ancestrais responsáveis por construir este território”, afirmou. O historiador citou pesquisas, documentos e relatos utilizados por ele e que deram origem ao livro “Do Joanes ao Jacuípe, uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais”. É nessa obra que Copque defende 29 de maio de 1558 como data de fundação de Camaçari.
Também nesse sentido, Sérgio Armando Diniz Guerra, historiador e Doutor pela PUC de São Paulo, afirmou que história e memória devem dialogar para que seja possível resgatar a formação de um território. “A obra de Diego Copque reúne uma base documental muito rica que acompanha o desenvolvimento desse território ao qual Camaçari pertence. Penso que a grande tarefa é pensar na produção de um material didático que conte essa história que vem sofrendo um processo de esquecimento proposital, e que de certa forma vem anulando a história dos nossos povos originários, indígenas e negros”, cravou.
Por conta de todas as nuances que envolvem o assunto, o debate extrapolou a temática inicial e enveredou por outras questões, como o lugar de importância de Vila de Abrantes para a construção do território de Camaçari. Nesse sentido, alguns palestrantes pautaram as suas falas nessa temática, um deles foi Emerson Sales, historiador e jornalista. Ele lembrou que o hoje distrito de Vila de Abrantes já foi município e que precisa ser considerado como um ponto crucial de partida para o resgate de uma história conectada com a realidade vivida pelo município. “Para mim, é preciso fazer uma reparação histórica em relação ao lugar de importância de Abrantes na construção desse território. É preciso levar essa história para nossas escolas, para nossos alunos, dando a devida importância para Abrantes dentro deste território. Temos uma dívida com Abrantes, precisamos resgatar sua história”, complementou.
Para o vereador Jamessom, a audiência mostrou uma demanda de Camaçari, que é construir uma unidade no que diz respeito à sua formação como território, como povo. “Nossa intenção aqui é conhecer a nossa história, conhecer nossas origens, debater as versões do surgimento da nossa cidade, para construirmos uma história fortalecida, conscientes da nossa importância e da nossa representatividade. Essa audiência me parece o início desse debate mais aprofundado sobre nosso passado, sobre nossa história”, pontuou.
O vereador Tagner (PT) também fez uso da palavra e defendeu que a Câmara é um cenário de debates e diversidade. “Aqui vimos uma audiência com um intenso debate, trazendo diferentes versões, diferentes entendimentos. Nós precisamos mergulhar na história da nossa cidade. Nós não temos nossa história contada nas nossas escolas. Todas as obras precisam ser respeitadas dentro deste sentido, é preciso buscar ajuda de universidades, de pesquisadores e também do nosso povo. Nós queremos propor ações que possam fortalecer esse mergulho e essa busca por respostas sobre quem somos como cidade e como território”, complementou.
Também fizeram uso da palavra os vereadores Dr. Samuka (CIDADANIA), Ivandel Pires (CIDADANIA), Vaninho da Rádio (UNIÃO) e Flávio Matos (UNIÃO). O público também teve oportunidade de apresentar questionamentos sobre o tema, tendo contribuído de forma positiva para a realização da atividade.