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Outubro Rosa: Diagnóstico precoce e autoconhecimento ajudam salvar vidas


No dia 9 de março deste ano, a publicitária Ebilene Campos, 43 anos, foi diagnosticada com câncer de mama. Da descoberta até a cirurgia, no dia 2 de abril, foi menos de um mês. Ebilene se considera uma privilegiada, do ponto de vista da descoberta precoce da doença e do amparo médico que recebeu desde o início do tratamento.

Com certeza, a história da publicitária é uma exceção. Infelizmente, a realidade vivida por muitas mulheres brasileiras diagnosticadas com a doença é totalmente diferente. Isso porque, da detecção da patologia até o tratamento, muitas precisam contar com a sorte de ser atendida nas unidades de saúde pública antes que o câncer se alastre.

O mastologista do Grupo CAM, Roberto Kepler, enfatiza que a cura da doença está diretamente ligada ao diagnóstico precoce e o tempo de início do tratamento. “Quanto mais cedo se diagnostica, maior a chance de sucesso no tratamento, maior a possibilidade de não se precisar fazer cirurgias radicais com mutilação da paciente e maior a possibilidade de também não precisar de tratamentos agressivos. Então, um dos fatores prognósticos mais importantes do ponto de vista de chance de sucesso no tratamento é exatamente quando você faz o diagnóstico precoce”, explica.

A contadora Daniela Matos, 42 anos, conhece bem as dificuldades enfrentadas por muitas destas pacientes. Ela sentiu na pele, aos 33, a falta de conhecimento e de sensibilidade de alguns médicos da rede pública de saúde. Dos primeiros sintomas até o diagnóstico da doença na mama esquerda, foi um ano e seis meses.Durante todo esse tempo, ela passou por seis especialistas e teve um diagnóstico errado.

“A princípio, quando eu descobri, a impressão que tive foi a falta de sensibilidade dos médicos. Parecia que havia um despreparo, também foram limitados para a realização da mamografia, que não foi solicitada pelo fato de, na época, eu ter 32 anos, e não ter histórico familiar. Eles se prenderam a isso”, contou, revelando que precisou retirar a mama esquerda por conta da metástase.

“Quando eu realmente descobri, fiquei assim, meio com o pé atrás. O que foi que aconteceu? Eu passei por seis médicos e ninguém viu? De repente, uma [médica] chega e resolve, ali na hora da consulta me perguntou: ‘você quer fazer mamografia?’ ‘Quero!’ Aí, ela fez, e estava lá já a bomba formada. Aí, na hora você fica pensando… em um certo momento me deu até vontade de voltar nos médicos e mostrar o resultado do exame. Mas depois eu disse: ‘ô, não! Agora é hora de lutar pela minha vida e enfrentar o meu tratamento, deixei para lá. Espero que hoje eles tenham experiência e capacidade, sei lá, uma outra mente, uma outra visão em relação a isso”. concluiu Daniela, sem ressentimento.

Klepper afirma, que para evitar ser pega de surpresa pela doença, as mulheres precisam observar mais seu corpo, procurar auxílio médico com frequência e se ater a alguns cuidados. “As mulheres devem fazer, a partir dos 40 anos, mamografia anual e, a partir dos 30 anos, consulta com o mastologista, que é o médico especialista que cuida das mamas, das doenças das mamas, não só o câncer, como as doenças benignas também. Então, o rastreamento, mamografia e os exames de ultrassom, ressonância que se fizerem necessários, mas a mamografia é exame de base”, orienta.

Alerta

O médico Roberto Kepler destaca a importância da adoção de um estilo de vida saudável, com prática de atividade física e alimentação equilibrada, além de evitar sobrepeso, obesidade e consumo excessivo de álcool. “É preciso observar algum si nal, alguma alteração que possa existir na própria mama que venha chamar atenção para alguma irregularidade.

Já curadas da doença, Ebiliene e Daniela contam suas histórias de vida, luta e superação para ajudar outras mulheres. “Foi uma experiência dolorosa e também a oportunidade de valorizar e lutar pela vida. Agora, sigo ajudando e alertando outras mulheres sobre a importância da prevenção à saúde por meio de uma ferramenta que descobri poderosa: contar minha história com todas as letras, para tentar que ela não se repita”, declarou a publicitária Ebiliene.

Missão

“Acho que minha missão hoje, além de passar minha experiência e conhecimento, acredito que seja motivar as mulheres a enfrentar o tratamento com dignidade e mostrar para elas que o descobrimento do câncer não é uma sentença de morte e sim momento de olhar para dentro de si e observar cada ponto que deve ser mudado, que vai do físico ao espiritual. É o momento de fazer uma reforma íntima e pensar no que pode melhorar. Momento de se pensar também na qualidade de vida. Mudar o ritmo. Em conversas descontraídas, costumo dizer que eu vivia correndo e não lia nas entrelinhas, até o dia em que Deus disse para mim: ‘Epa, desacelera moça.’”, brincou Daniela. As histórias de Ebilene, de Daniela e de mais quinze mulheres que venceram o câncer estão sendo contadas através de uma mostra fotográfica, em exposição no Shopping Itaigara, até o próximo sábado (31). A entrada é gratuita.

Fonte: A Tarde