Registros apontam que Camaçari possui 256 anos de atuação parlamentar
A história de Camaçari do jeito que a conhecemos começou em 1558, quando os jesuítas João Gonçalves e Antônio Rodrigues, a serviço de Mém de Sá, governador-geral do Brasil, fundaram a Aldeia do Divino Espírito Santo. Na ocasião, juntaram sete aldeias tupinambás, às margens do Rio Joanes, onde hoje é Catu de Abrantes. Tempos depois a Aldeia foi relocada para o território em que hoje está estabelecido o distrito de Vila de Abrantes.
A partir de 1755, Portugal proibiu o uso de nomes pessoais indígenas, os quais eram chamados pela Coroa de “bárbaros”. Dessa forma, as designações dos nativos foram trocadas por nomes europeus.
Até então, o território da Aldeia do Divino Espírito Santo era ligado a Salvador. O desmembramento só ocorreu em oito de outubro de 1758, quando João Ferreira Bittencourt e Sá elevou a Aldeia à condição de Vila do Divino Espírito Santo de Nova Abrantes. Neste período, foi implantada a “Casa da Câmara e Cadeia” e o “Pelourinho”, dando liberdade de comércio e bens individuais aos tupinambás e aos demais moradores.
O local onde ficava a antiga aldeia, que depois virou vila, é a atual Praça da Matriz de Vila de Abrantes.
O fundador da Vila, Bittencourt Sá, notificou na época que os habitantes (de Camaçari) eram Tupinambás, que falavam a língua geral (uma variante do Tupi-Guarani), sendo 49 casais (mais os filhos), além de viúvos e órfãos de pai e mãe. Havia cerca de 90 portugueses arrendatários de terras dos jesuítas.
Segundo o escritor Luís Tavares, na palestra “Aspectos Sócio Econômicos nas Vilas criadas em 1758”, proferida no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia no ano de 1963, foram nomeados para a constituição do governo da Vila do Divino Espírito Santo de Nova Abrantes os Tupinambás considerados mais letrados e cultos. Manoel da Costa se tornou Capitão-Mor, Pedro Reis virou Juiz Ordinário, Jerônimo Albuquerque foi designado Procurador, Francisco Lopes, Antônio Borges e Apolinário Fernandes foram alçados à condição de vereadores.
A Vila de Abrantes foi o “projeto-piloto” de transformação das aldeias indígenas em vilas no Brasil. Ou seja, o modelo político implantado foi referência para as demais localidades.
Foto: Brasão de Abrantes – Antigo brasão de Camaçari, simbolizando a união dos Tupinambás com os colonos portugueses.
Fontes consultadas:
1 – ALDEAMENTOS JESUÍTAS E POLÍTICA COLONIAL NA BAHIA, SÉCULO XVIII*
Fabricio Lyrio Santos
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
2 – MEMÓRIAS EDIFICADAS EM VILA DE ABRANTES/BA
Edmundo F. Machado Jr.
Universidade Federal de Sergipe (NPPA/UFS)
3 – UMA MEMÓRIA APAGADA: ABRANTES / BAHIA
Maria Helena Ochi Flexor
UFBA – UNIFACS – UNIME