Saúde mental do trabalhador é debatida em Audiência Pública na Câmara
A saúde mental do trabalhador de Camaçari foi tema de debate em Audiência Pública realizada nesta segunda-feira (17), pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal. Entre as questões apontadas como possíveis gatilhos para o comprometimento da saúde mental do trabalhador, está a cobrança exagerada para o alcance de metas, a má remuneração, um ambiente de trabalho não democrático e o foco exacerbado no lucro.
O presidente do colegiado, vereador Val Estilos (PPS), reforçou a importância do debate. “Fico feliz de ver aqui pessoas representando as instituições públicas que atuam na área, mostrando que há no nosso município uma preocupação em garantir a saúde mental dos nossos trabalhadores. É importante debater este tema e saber quais são as ações que estão sendo feitas por aqui”, afirmou.
Para a coordenadora da Comissão Intersetorial da Saúde do Trabalhador e Trabalhadora (CISTT), Lúcia Duque, a questão de assédio moral também está na lista de possíveis causas desse desequilíbrio. O tema também foi abordado pelo subsecretário de saúde, Luiz Duplat, que na oportunidade representou o secretário Elias Natan. “Muitas vezes esse assédio acontece de forma velada, outras vezes é de forma agressiva. Mas em ambos os casos é um fator que agride negativamente o trabalhador que é vítima desse comportamento, comprometendo a sua relação com a execução das atividades no trabalho”, reforçou.
No serviço público, por sua vez, a coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Luzineide Pereira, apontou que uma questão que também gera o adoecimento é a frustração das expectativas do trabalhador. “O cidadão passa no concurso e cria inúmeras expectativas que muitas vezes são frustradas quando ele chega ao ambiente de trabalho. Pensar como o ambiente tem se constituído, o nível de democratização desse ambiente de trabalho é fundamental”, explicou.
Para ela, a busca por lucro a qualquer custo e por rapidez na produção também é prejudicial. “As transformações da rotina de trabalho, que tem ficado cada dia mais rápida, prezando pela agilidade acima de qualquer coisa, pelo lucro acima de tudo, pelo alcance de metas que quase sempre são inatingíveis. Tudo isso vai acumulando e contribuindo para o adoecimento mental do trabalhador”, acrescentou.
Em relação à realidade de Camaçari, Luzineide acredita que haja uma subnotificação dos casos. “Temos números que nos mostram que pode haver uma subnotificação dos casos de transtorno mental causados pelo ambiente de trabalho. E é isso que temos tentado trabalhar, fazer esse mapeamento e essa análise de maneira detalhada, com a atenção devida”, pontuou. Na mesma linha, o subsecretário de Saúde afirmou que a prefeitura tem trabalhado ao lado da Junta Médica do município para desenvolver programas e ações que possam colaborar com essa prevenção necessária para esses casos.
No tempo destinado à participação da plateia, Adelmir Borges, que é usuário da rede de atendimento à Saúde Mental, falou sobre a questão da distribuição dos medicamentos para os usuários. “O trabalhador que está afastado em tratamento e que depende dos medicamentos utilizados sofre muito porque é comum faltar remédios e o tratamento fica comprometido”, mencionou.
Também fez uso da palavra o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Paulo Costa; e o presidente do Sindicato dos Bancários de Camaçari, Ronaldo Alves Nascimento.