Sessão celebra povos indígenas e constrói momento de aprendizado e resistência
Um momento de valorização do aprendizado e da resistência. Assim foi definida a Sessão Especial em homenagem aos povos indígenas pelo proponente da atividade, vereador Dentinho do Sindicato (PT). Realizada na manhã desta quinta-feira (12/05), a sessão reuniu diversos representantes indígenas do município, além de estudiosos e especialistas sobre a luta pela sobrevivência, demarcação de terra, origem e demandas históricas dos indígenas.
A Sessão Especial foi aberta pelo presidente da Casa, vereador Júnior Borges (União), que definiu o momento como um convite à reflexão dos valores e da importância da contribuição indígena para a construção do território de Camaçari, em especial. “Aqui é o momento de reforçarmos a luta pela preservação do território, pelos direitos e pelo futuro do povo indígena que é o povo originário da nossa região e que secularmente vem sofrendo um verdadeiro massacre de sua cultura e de suas tradições”, pontuou.
Nos discursos dos representantes indígenas, dos especialistas e estudiosos, palavras como resistência, luta, dignidade e respeito repetiram-se como que evocando um olhar especial do poder público e da sociedade civil sobre todas as necessidades vividas pelas aldeias que seguem perpetuando as tradições e conectando-se com as novas ferramentas para garantir dignidade e acesso aos serviços públicos que lhes são de direito. Durante as falas, diversos temas foram abordados, desde os esforços nas aldeias para ter acesso à água potável, energia elétrica e moradia digna, até as ações em prol da construção de escolas indígenas, para acesso a condições ideais de estudo, para garantir autonomia a fim de preparar a terra e semear e para a segurança de viver em um território demarcado e seguro.
Entre os palestrantes, o índio Tupinambá, escritor, jornalista e servidor da Câmara de Camaçari, Marcos Élder, destacou como histórico o fato da bancada do plenário da Câmara ter sido quase que completamente ocupada por representantes indígenas. Os mesmos foram convidados pela presidência da sessão para ocupar assento na bancada que conduziu a atividade.
Ele também destacou que a sessão mostrou toda a contribuição do povo indígena para o desenvolvimento de áreas importantes da sociedade, como o turismo, a economia criativa, a economia solidária, e educação, dentre outros. “Essa sessão é um alerta para que nossos representantes desta Casa Legislativa nos ajudem a intermediar diálogos com a gestão municipal que buscam levar dignidade para nosso território. Nossa maior marca é a alegria e desejamos que essa alegria vença a tristeza de ainda termos que lutar contra todos os ataques ao nosso povo e a nossa origem e ancestralidade”, concluiu.
“Somos um povo miscigenado, mas somos um povo originário. Devemos respeitar essa terra, esse território Tupinambá e o povo que construiu tudo isso. Temos que lutar para aldear a política brasileira, eleger nossos representantes em nome da luta pela nossa sobrevivência como nação indígena e para combater propostas que seguem em discussão no nosso país, como projetos que liberam a mineração em território indígena, por exemplo. Nos matam porque estamos vestidos, porque estamos na universidade, porque aprendemos a lutar com o papel, com a caneta e com a fala. Nossa luta seguirá”, refletiu Mônica Marapara, liderança indígena que atua na área de saúde no município.
Também fizeram uso da palavra o historiador Diego Copque, que falou sobre a origem dos povos indígenas no município e sua importância para o país; a liderança da Aldeia Tupinambá de Abrantes, Renata Fernandes; Igor Marapara, Tiago Tupinambá, liderança da Aldeia de Abrantes; Dahvii Shiva, ativista de direitos da natureza; José Augusto Sampaio, professor antropólogo e fundador da Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ); Arthur Namor, liderança indígena da Associação Tupinambá., dentre outros.
Entre os vereadores, fizeram uso da palavra Júnior Borges (União), Tagner (PT), Jamelão (Cidadania), Vavau (PSB) e Dentinho do Sindicato (PT). Este último, que foi o proponente da sessão especial, agradeceu ao povo indígena pelo momento de aprendizado, além de reforçar em sua fala que a luta é resistência.
“Eu venho do berço da resistência. Para estar aqui dentro desta Casa, tive que lutar diversas batalhas, superar diversos obstáculos. Esta Casa está à disposição dos nossos povos indígenas e para ajudar nas suas demandas. Sei que para resistir na luta, precisamos estar juntos, colaborando para dar oportunidade ao nosso povo. A política tem que representar o seu povo e aqui oferecemos um local para acolher as demandas desse novo povo originário tão importante para nosso país”, finalizou.