Sessão na Câmara é marcada por conscientização sobre Doença Falciforme e seus desafios
A Câmara de Camaçari realizou, na manhã desta quarta-feira (19/06), Sessão Especial que marcou a passagem do Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme. Durante a atividade, os palestrantes falaram sobre os desafios, dificuldades e avanços no convívio com a doença, que pode provocar o comprometimento das principais funções do organismo, caso o portador não receba a assistência adequada.
A atividade foi solicitada pelo vereador Dr. Elias Natan (PSDB), que destacou a importância da popularização das informações sobre a doença falciforme. Na oportunidade, ele apresentou um vídeo do Programa Afro Papo, da TV Câmara, que trouxe dados da doença e do tratamento dos sintomas no município. “Estou satisfeito com a sessão, pois é um dia dedicado a informar, conscientizar, falar com clareza sobre a doença e suas consequências. Isso é de fundamental importância para garantir o auto cuidado e o êxito nos tratamentos. É frequente o paciente chegar com muitas dores e ser colocado como prioridade de atendimento. Então quando a informação circula, as pessoas compreendem e entendem essa necessidade”, afirmou.
Segundo estimativas, calcula-se que no Brasil surjam cerca de três mil casos por ano. Os três estados do país com maior número de casos são Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Doença Falciforme é mais comum em indivíduos da raça negra, mas, no Brasil, devido à intensa miscigenação ocorrida no país, pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda. O dia 19 de junho foi oficialmente designado como o Dia Mundial de Conscientização da Doença Falciforme, por criação da Organização das Nações Unidas, em 2008, com o objetivo de aumentar o conhecimento e a compreensão do público sobre a doença.
Entre os especialistas que participaram da atividade esteve o representante do Centro Especializado Estadual Rilza Valentim e mestre em Saúde Coletiva e Gestão em Saúde, Altair Lira, que citou que Camaçari foi a primeira cidade da Bahia a criar um programa sobre a doença. “Estamos há mais de duas décadas com essa cidade sendo referência na atenção às pessoas com doença falciforme. Existem problemas, dificuldades, mas é importante citar isso. Portanto, estar aqui é reforçar esse compromisso com os pacientes e familiares. Precisamos pensar na descentralização de alguns serviços para garantir melhor abrangência, precisamos estimular o cuidar integral dos pacientes acometidos pela doença”, afirmou.
Já a médica hematologista do Centro Especializado em Doença Falciforme Camaçari, Maria das Mercês Borja, explicou que é uma doença genética, hereditária e caracterizada por alterações nas hemácias do sangue. Os glóbulos vermelhos se tornam rígidos e assumem formato de foice, dificultando a passagem de oxigênio para cérebro, pulmões, rins e outros órgãos. “Entre as complicações da doença não tratada estão a anemia crônica, crises dolorosas associadas ou não a infecções, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, inflamações e úlceras. O diagnóstico é feito na Triagem Neonatal com o Teste do Pezinho e pelo exame de eletroforese de hemoglobina. A assistência reduz em muito a letalidade da doença”, explicou.
Representando o grupo de pacientes com doença falciforme, Tainan Gomes se emocionou ao relatar dificuldades vividas pelos portadores da enfermidade. “Tive um AVC recentemente e por muitas outras dificuldades e sou muito grata por toda equipe que atua em Camaçari para atender nossas demandas. Queria pedir que houvesse uma busca ativa pelos pacientes, pois sabemos de muitos portadores que não estão tendo acesso a esse serviço”, declarou.