Trabalhador leva um ano, em média, para arranjar um novo emprego; veja dicas
Nos últimos 12 meses, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Salvador (RMS) saltou de 18,2% para 23,7% e 81 mil postos de trabalho foram fechados. Com menos oportunidades e maior concorrência, o tempo para conseguir uma nova vaga também aumentou. Os números são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O estudo aponta ainda que na RMS o tempo médio que um trabalhador passa procurando por um novo emprego é de 51 semanas, ou seja, quase um ano, que tem 52 semanas e 1 dia, para conseguir se recolocar no mercado de trabalho.
“É uma média que tem aumentado gradativamente nos últimos meses”, aponta a pesquisadora do Dieese e coordenadora da PED-RMS, Ana Margaret Simões. O número registrado pela pesquisa no mês de maio é 15,9% maior do que no mesmo período do ano passado, quando o tempo médio de procura por emprego era de 44 semanas.
Oportunidade
Quase um ano foi o tempo que o engenheiro mecânico e de produção Fernando Andrade, de 53 anos, ficou procurando por uma vaga, após ser demitido pela Ford em março de 2015. “Durante esse tempo, me cadastrei em sites de vagas e movimentei minha rede de contatos. As vagas surgiam e fiz diversas entrevistas”, conta Andrade, que atribui a dificuldade em conseguir uma vaga à crise, à idade e à remuneração que recebia. “Mesmo aceitando um salário menor do que eu recebia, os recrutadores temiam que eu desistisse do emprego caso surgisse uma oportunidade melhor”.
Diante da dificuldade de conseguir uma vaga, ele começou a pesquisar e amadurecer a ideia de abrir um negócio. “Conversei com minha esposa e levantamos a opção de abrir uma franquia no segmento automotivo, no qual já trabalho há 34 anos”.
Em fevereiro, cerca de um ano depois de ficar desempregado, o casal reuniu algumas economias e adquiriu uma franquia da Doutor Lubrifica, empresa que atua com soluções automotivas delivery, como troca de óleo e filtro, higienização de ar condicionado e lavagem ecológica. Após quatro meses, ele está satisfeito com o negócio.
“Mesmo com pouco tempo, já temos um bom retorno. Acredito que agora a crise está a meu favor, uma vez que as pessoas têm buscado soluções mais econômicas para a manutenção de seus veículos”, comemora.
Atualização
Formada em Administração e Psicologia, Isabela Atticiati também foi vítima da crise. Demitida em dezembro de 2014 da empresa de recrutamento onde trabalhava como Analista de Recursos Humanos, Isabela se preocupou em manter seu currículo atualizado. “Nos oito meses em que fiquei desempregada, me inscrevi na Catho para procurar vagas e fiz cursos lá e no site da Fundação Getulio Vargas”.
Ela também mobilizou sua rede de contatos e divulgou currículo nos grupos de RH que participa pelo WhatsApp. Foi em um desses grupos que a oportunidade de retornar ao mercado apareceu, no mês passado.
“Continuar se atualizando faz diferença. Nas entrevistas, o recrutador pergunta o que você está fazendo no tempo que estava desempregado. Ter realizado cursos na área pode ser um diferencial”, diz.
Desde que começou a trabalhar, Isabela fez dois cursos voltados para a sua área e procura uma pós-graduação. “Hoje as empresas querem um analista de RH que atue tanto com treinamento quanto com admissão. A pós irá me qualificar ainda mais”, diz.
Planejamento é saída para buscar oportunidades
Se recolocar no mercado requer foco e organização. Isso é o que diz Margot Azevedo, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos na Bahia (ABRH-BA). Ela acredita que este é o momento para ser mais flexível. “Se você quer um emprego com a mesma base salarial, a busca pode ser bem longa. Mas se você considerar cargos um pouco menores, mas que oferecem possibilidade de crescimento, pode valer a pena”, pontua.
Para ela, de uma forma ou de outra, desistir não deve ser uma opção. “O mais importante é manter a autoestima e entender que estar demitido não é vergonha para ninguém, é uma circunstância. A pessoa deve ter uma meta, foco e planejamento para que consiga passar por essa etapa mais rapidamente”.
Para aqueles que trabalharam por muito tempo em um mesmo lugar, a gerente regional norte e nordeste da consultoria de RH Randstad, Cristiana Paim, ressalta a necessidade de atualizar o currículo. “A nossa orientação é que use o tempo que tem para se reciclar. Não pare de estudar, procure fazer cursos voltados para a área, pós-graduação e cursos”.
Além de enriquecer o currículo, a busca por novas experiências serve para conhecer outras pessoas da área que podem ajudar no processo de recolocação, fortalecendo o networking. Outro ponto importante é como se portar nas entrevistas de emprego. Nesse ponto, o computador pode ser um grande aliado. “Com a internet, existem vários sites que trazem dicas e vídeos sobre como se comportar em entrevistas, o que é uma ótima ferramenta”, diz.
Fonte: Correio*