Varejo baiano deve deixar de faturar mais de R$ 560 mi com feriados
O que para muitos trabalhadores será sinal de muitos dias de descanso ao longo do ano de 2020, para um setor em específico os feriadões estão sendo considerados os vilões da história: o varejo. De acordo com um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), a estimativa é a de que o comércio varejista, no estado, deve deixar de faturar R$ 561 milhões por causa dos 14 feriados este ano.
Conforme a instituição, esse montante é 41,3% maior do que o calculado para o ano passado. O setor que mais deve ser atingido, ao longo deste ano, é de supermercados com R$ 290 milhões de perda potencial. Na sequência, vem o setor de vestuário e calçados (R$ 92,5 milhões), farmácia a perfumaria (R$ 78,2 milhões), Outras Atividades (R$ 71 milhões) e móveis e decoração (R$ 30 milhões).
Nos cálculos da entidade baiana, foram considerados os feriados nacionais e estaduais; nos dias de feriados e pontes (neste caso, os “enforcamentos” de datas) são estimados uma parcela de perda de vendas por dia; além disso, foram incluídos somente os setores mais sensíveis a compra por impulso e excluídos aqueles de compra programada, a exemplo de eletrodomésticos e veículos.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, “a variação expressiva e o valor em milhões pode dar a entender que é algo volumoso, importante, de impacto expressivo na economia local. Na verdade, os R$ 561 milhões representam apenas 0,8% de tudo o que o varejo fatura ao longo de todo o ano”.
Ele explicou que em 2020 haverá 18 dias entre feriados (14) e pontes (4) em dias úteis, sendo quatro dias a mais em relação ao ano passado. Além disso, como a economia está se recuperando e o comércio deve ter um desempenho positivo de vendas ao longo do ano, cada dia com movimento menor, em média, tende a ter maior prejuízo.
No levantamento, foram considerados os seguintes feriados: Ano novo (1º de janeiro), Carnaval (20 a 25 de fevereiro), Páscoa (12 de abril), Tiradentes (21 de abril), Dia do Trabalho (1º de maio), Corpus Christi (11 de junho), São João (24 de junho), Independência da Bahia (2 de julho), Independência (7 de setembro), Nossa Senha Aparecida (12 de outubro), Finados (2 de novembro), Proclamação da República (15 de novembro), Consciência Negra (20 de novembro), Natal (25 de dezembro).
CONTRAPONTO
Por outro lado, Guilherme Dietze pontuou que os feriadões podem contribuir com o turismo local, uma vez que Salvador é um dos destinos preferidos por visitantes ao longo do ano. “A Bahia tem uma demanda enorme de turistas do Brasil, durante todo o ano, e com maior potencial nos feriados. São pessoas que compram nos mercadinhos locais, contribuindo para a perda ser menor no comércio”, explicou.
No levantamento, por exemplo, o maior aumento em termos de variação é do grupo Outras Atividades, com crescimento de 45,1%. “Ele é composto por vendas de combustíveis para veículos, joalherias, artigos esportivos, entre outros”, descreveu o dirigente da Fecomércio-BA. Além disso, o economista acredita que à medida que a economia decolar de forma mais expressiva, haverá oportunidades para todos os setores, deixando tanto os varejistas como empresários do turismo satisfeitos.
BRASIL
Já em nível nacional, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estimou que o prejuízo do comércio em 2020, por conta de feriados nacionais, deverá chegar a R$ 19,6 bilhões. O valor é R$ 2,2 bilhões (12%) superior ao registrado em 2019 (R$ 17,4 bilhões). A variação é explicada pela maior quantidade de feriados que caem em dias úteis neste ano, em comparação a 2019.
De acordo com o Fábio Bentes, economista da CNC responsável pela análise, a folha de pagamentos, por conta das horas extras a serem pagas, é a principal fonte dos prejuízos impostos pelos feriados.
“Por mais que as vendas possam ser parcialmente compensadas nos dias imediatamente anteriores ou posteriores aos feriados, em virtude do fechamento das lojas ou da diminuição do fluxo de consumidores, o peso relativamente elevado da folha de pagamentos na atividade comercial acaba comprimindo as margens de operação do setor”, afirma o economista.
Segundo o estudo, cada feriado reduz a rentabilidade mensal média do setor comercial como um todo em 8,4% (varejo e atacado). Entretanto, nas regiões ou ramos de atividade onde a relação folha/faturamento é mais elevada, esse impacto tende a ser maior. As taxas de perdas mensais decorrentes de cada feriado nacional ultrapassam os dois dígitos nos seguintes segmentos: hiper e supermercados; lojas de utilidades domésticas; ramo de vestuário e calçados (11,5%, 11,6% e 16,7%, respectivamente). Juntos, eles respondem por mais da metade (56%) do emprego no varejo brasileiro.
Os estados de São Paulo (R$ 5,62 bilhões), Minas Gerais (R$ 2,09 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 2,06 bilhões) e Paraná (R$ 1,42 bilhão) tendem a concentrar mais da metade das perdas estimadas (57%). Neste mesmo levantamento, a Bahia aparece em 7º lugar, com perdas avaliadas inicialmente em R$ 890 milhões, atrás ainda de unidades federativas como Rio Grande do Sul (R$ 1,12 bilhão) e Santa Catarina (R$ 990 mi).
Fonte: Tribuna da Bahia