Violência contra a mulher é tema de Sessão Especial na Câmara de Camaçari
A violência praticada contra a mulher, o seu combate e os desafios no município de Camaçari foi tema da Sessão Especial realizada na tarde desta quinta-feira (30), na Câmara Municipal de Camaçari. A Sessão foi solicitada pela vereadora Fafá de Senhorinho (DEM), em referência ao Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, comemorado mundialmente em 25 de Novembro.
A vereadora proponente da Sessão citou dados assustadores da violência contra a mulher no Brasil e na Bahia. “Esta sessão foi uma das formas que encontramos para dizer basta à violência contra a mulher”, disse.
O vereador Val Estilos (PPS), como 2° secretário, iniciou a Sessão lendo um trecho da Bíblia em 1 Pedro 3:7, bastante pertinente ao tema do evento. “Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações”.
A coordenadora do Centro de Referência à Mulher Yolanda Pires, Bela Batista, iniciou a sua palestra mostrando números de atendimentos realizados na instituição. Segundo dados, 1.143 mulheres foram atendidas no local, até o dia 31 de outubro. Na ocasião, ela informou ainda o perfil da mulher que procura o Centro e sofre violência doméstica em Camaçari. “Em sua maioria ela é negra, na faixa etária entre 30 a 35 anos, com filhos, o que é interessante, pois muitas delas procuraram ajuda porque os filhos também passaram a sofrer violência ou a replicá-la dentro de casa. Tem também a mulher que depende financeiramente do marido”, disse. A coordenadora do Centro apontou na palestra os tipos de violência sofrida pelas mulheres do município. São elas: A psicológica (79%), que compreende ameaça, humilhação, perseguição; a física (66%), que são os socos, ponta pés, queimaduras; a moral (62%), que são as injúrias, calúnia, difamação; a patrimonial (15%), muito ligada a questão da dependência financeira; e a violência sexual (4,2%), que, segundo a coordenadora, não tem uma grande porcentagem de registro pelo fato da mulher acreditar que tem por obrigação servir aos desejos sexuais do companheiro. Uma mulher pode registrar vários tipos de violência sofrida.
A delegada titular da Deam, Florisbela Rocha, citou o perfil das mulheres que procuram ajuda na unidade policial. Em sua explanação, ela comentou os tipos de agressões sofridas por essas mulheres, dentro de casa. Ainda na Sessão, a desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia, Dra. Nágila Brito, palestrou sobre a Lei Maria da Penha. “Os críticos desta Lei costumam dizer que ela não é efetiva, que não funciona, pelo fato do número dos casos registrados ter aumentado no últimos anos. Mas a verdade é que as pessoas estão conhecendo mais as leis, as mulheres estão se sentindo mais seguras com os meios disponibilizados para o seu acolhimento e assistência”, disse.
Os parlamentares também tiveram espaço para se expressarem na Sessão Especial. “Até a bíblia fala da questão da violência contra a mulher. Que o homem deve viver a vida em comum, respeitando o espaço dela e ela o dele, tendo ela como vaso mais frágil, porque a mulher é sensível”, comentou o vereador Pastor Neilton (PSB), citando o trecho bíblico lido no início da Sessão.
Também se fizeram presentes o Major Roberto Castro, representando o comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar, Henrique Melo; e a secretária de Ação Social de Camaçari, Simara Ellery.